quarta-feira, janeiro 1

... e as horas passam lentamente...

"... por isso eu tomo ópio, é um remédio,
sou um convalescente do momento,
moro no rés do chão do pensamento
e ver passar a vida faz-me tédio... "

Fernando Pessoa (Àlvaro de Campos)

A Sabedoria e o Abismo caminham juntos pela calçada do destino...
Vem e partilha os teus pensamentos, desabafos, ideias ou mesmo palavras soltas com esta futura comunidade de poetas...
Hoje é semeada a primeira semente, amanhã teremos os frutos...

terça-feira, janeiro 1

... mas afinal quem é Alcova?


Alcova é, provavelmente, um dos mais pragmáticos poetas desta geração de novos poetas...
Desde o seu primeiro aparecimento no infinito mundo da escrita e afins, em meados dos anos 90, que Alcova marcou pela sua forma romântica-agressiva de escrever...
De todas as obras elaboradas destacamos "Verus amore nunquam moritur..." e "sanguis est vita...", duas obras que primam pela violência e pelo romance de criaturas épicas e/ou imaginárias... Podemos, também, falar de "A calçada do Destino..." uma poesia/sátira relacionada com o paradoxo da vida e os seus nefastos elementos...
Assim é Alcova, romântico, poeta... Caótico, cruel... Demente, insano... Uma existência farta em palavras loucas...

(... as fotos utilizadas são fictícias... )

quarta-feira, setembro 23



Ah, um Soneto...

Meu coração é um almirante louco
que abandonou a profissão do mar
e que a vai relembrando pouco a pouco
em casa a passear, a passear...

No movimento (eu mesmo me desloco
nesta cadeira, só de o imaginar)
o mar abandonado fica em foco
nos músculos cansados de parar.

Há saudades nas pernas e nos braços.
Há saudades no cérebro por fora.
Há grandes raivas feitas de cansaços.

Mas — esta é boa! — era do coração
que eu falava... e onde diabo estou eu agora
com almirante em vez de sensação? ...

~
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

sexta-feira, maio 8

... decadência...


Lágrimas nos sorrisos
Sem escolhas sem caminho
Assim me perdi
Sob a escuridão
Gélidas almas acompanham-me
Sobrevivendo em infernos
Melancolia em silêncio
Lutando pelo inexistente
Face da realidade
Decaindo ao tempo
Envolta ao nada
Cercada pelo vazio
Lembranças amargas
Esqueci-me nas sombras
Uma alma vazia
Foi no que me tornei
Desabafando em minhas palavras
As tristezas e o passado
Incertezas
Buscas e perdas
Fé quebrada
Minhas forças se extinguiram
Meus olhos se fecharam
Eu desisti...

Anonymous...

... feel the darkness...

Sente a mórbida mágoa de teu peito
sobe aos degraus debotados do amor!
Lambe os vultos que nascem das trevas
afunda-te nos jactos aguçados da dor!

Quebra o silêncio, grita bem alto
chama agora teu desamor!
A morte devora-te aos poucos no tempo
deixa-te levar n’obscuro corredor!

Nega a chama que t’aviva
mergulha em cada sórdida mutação!
Dobra-te agora à passagem do horizonte
estremece a cada quente bafo de vulcão!

Sophie Gaarder

... a luz, a criação... a saudade II...

... e eu, subtilmente, vou corroendo as algemas da saudade, à medida que o tempo vai passando... lentamente... e eu, furiosamente, vou lutando contra o árido sentimento de revolta por não estar a teu lado...
A cada sopro, um lamento... a cada passo, um tormento como se duma tortura se tratasse... o vazio, o meu corpo degrada, meu alimento, minha sanidade és tu... és, apenas e só, TU, minha eterna diva, meu símbolo, meu sangue com o teu, junto, unido... a perfeição da união, da vida, da alma, do nascer, do viver, nossa cria, nossa maravilha... nossa razão... nossa motivação... o nosso fruto lindo que cresce e se desenvolve nos nossos braços... que tem sede do nosso amor, que pede o nosso calor... que existe, nosso, devoto, carente... O NOSSO FILHO... nós, que somos o seu sustento, seu alimento... seu puro sentimento... existimos para ele e ele para nós... amo-te e amo-te ainda mais... amo o nosso molagre, e amo-o cada vez mais... és linda, mulher, mãe.. nosso filho, nossa felicidade... é nosso... somos dele... hoje e para sempre...
"prosa dedicada à minha linda mulher e ao nosso magnífico filho... "

Alcova

terça-feira, maio 5

... Saudade...


Meu coração empunhei glorioso e sangrento,
na batalha cruel contra o tormento da distância infinita,
da saudade nefasta que me oferece tortura que voa vasta vã…
Cada gota de tempo
que, suavemente, corre nas minhas veias,
cada triste lamento
que, docemente, magoa o meu ser, tece-me teias
de dor por não te ter...
Esta distância que nos aparta,
este tempo que nos consome, só minha alma alivia, quando a teu lado sacio a minha fome, quando a tua presença me abraça…
Amo-te a cada doce e terno momento…
Quero-te com a força pura do meu sentimento…
Desejo-te louco e demente, Anseio por ti, meu amor ardente…
Brado o teu nome eterno…
Suspiro no teu coração…
Sem ti partilho demónio, o inferno, Sussurro na tua alma paixão…
AMO-TE ACIMA DE TODA A CRIAÇÃO…
In : dedicado à minha maravilhosa esposa que celebrou o seu primeiro dia da mãe...

Alcova

... música, o som das nossas almas... MOONSPELL









... a cada palavra atribuimos um determinado valor ou importância, mas quando essas mesmas palavras são bradadas com vasto sentimento e ardente paixão, como esta lusa banda o faz tão bem, tudo muda...
Esta grande banda, de nome Moonspell, além de partilhar ao mundo o nosso eterno nome lusitano, dedica, também, muitas das suas palavras à nossa bela pátria...
"Opium", "Alma mater", "Lua d'Inverno", são apenas alguns dos exemplos a citar, mas estes grandes senhores tem uma parafernália de obras, cada uma delas com um grandioso objectivo, o de regojizar, cada vez mais, o bom nome nacional...

segunda-feira, maio 4


"... A leitura torna o homem completo, as prelecções dão-lhe prontidão, e a escrita torna-o exacto..."

Francis Bacon (1597)

"Alguns, em nome da fama, com farrapos de erudição se besuntam, e crêem tornar-se imortais à medida que citam..."

Edward Young (1728)

sexta-feira, maio 1

O abismo...


Olho o Tejo, e de tal arte
Que me esquece olhar olhando,
E súbito isto me bate
De encontro ao devaneando —
O que é sério, e correr?
O que é está-lo eu a ver?
Sinto de repente pouco,
Vácuo, o momento, o lugar.
Tudo de repente é oco —
Mesmo o meu estar a pensar.
Tudo — eu e o mundo em redor —
Fica mais que exterior.

Perde tudo o ser, ficar,
E do pensar se me some.
Fico sem poder ligar
Ser, idéia, alma de nome
A mim, à terra e aos céus...

E súbito encontro Deus.

Fernando Pessoa

terça-feira, abril 28

Porquê a poesia ?


A arte de poder abrir a alma e o coração pelas palavras que voam, vivas, na nossa mente...
"... a cada segundo que passa, a cada suspiro solto pelas almas erróneas do universo, há uma palavra, cuja beleza se confunde com a perfeição da natureza, que é arremessada, com as forças do Olimpo, para a mente de todos os poetas da criação..."

Alcova

... e a poesia nasce... e o mundo morre...


O que há em mim é sobretudo cansaço O que há em mim é sobretudo cansaço Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A subtileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto alguém. Essas coisas todas - Essas e o que faz falta nelas eternamente -; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada - Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço. Íssimo, íssimo. íssimo, Cansaço...

Anonymous